A sociedade vive atualmente um problema sério. As pessoas confundem quem são com o que fazem.
Explico melhor. As pessoas passaram a confundir a sua identidade com os papéis que representam na sociedade.
Por exemplo, o CEO de uma empresa é o CEO da empresa? Não. Ele representa o papel de CEO temporariamente. Porque se ele fosse o CEO da empresa, se ele fosse mesmo o CEO da empresa, ele ia ser o CEO da empresa para sempre. E ele é aquilo? Ele não é aquilo. Porque da noite para o dia ele pode ser mandado embora. E aí? Acabou a identidade dele? Acabou a vida
dele?
Isto é o que acontece na nossa sociedade muitas vezes. As pessoas acham que são aquilo que elas representam ser.
No meu caso, porque me convidam para dar palestras nas empresas? Certamente porque sou empresário, sou bem sucedido, gostam da minha forma de falar… mas, e se eu perdesse tudo? E se eu fosse viver na rua? Será que as empresas continuariam a convidar-me?
Mas a minha identidade não mudou. Eu continuaria a ser o Rafael. Ou seja, eu não posso confundir aquilo que eu faço e
aquilo que eu represento com a minha identidade. E é por isso acontecer que atualmente há tantas pessoas que entram em depressão.
O Cristiano Ronaldo não é jogador de futebol. Ele simplesmente joga futebol. É um dos papéis que ele representa na vida dele
mas ele é muito mais do que isso. Ele é muito mais profundo que isso.
Estamos tão embrenhados nos papéis que desempenhamos diariamente que confundimos tudo.
Se o Cristiano tivesse uma lesão e não pudesse jogar mais futebol quem ele ia ser? Ele continua a ser o Cristiano Ronaldo mas
para as pessoas não. Porque as pessoas vêem-no como o Cristiano Ronaldo (jogador de futebol).
O que é que você vai ser se tudo na sua vida hoje mudar? A sua essência real, quem é?
Nós temos que ter tempo para estarmos connosco próprios para descobrirmo-nos, para vivermos quem nós
somos. Por isso, eu acordo todos os dias às cinco da manhã, porque é o único tempo do dia que o Rafael fica com o Rafael. Que eu me redescubro e eu estou comigo mesmo. Porque o resto do dia eu estou a cumprir papéis. Papel de empresário, papéis de coach, papel de palestrante, papel de pai, papel de marido… porque isso tudo faz parte de mim. Mas esse não sou eu.
Eu não digo que quando as pessoas me chamam para dar uma palestra é só com o interesse. Não é isso. Não é porque as pessoas não se interessam pelo Rafael. É porque as pessoas não conhecem o Rafael. Elas conhecem uma representação do
Rafael.
E é engraçado como as pessoas vivem iludidas ao achar que são aquilo. Elas acham-se muito importantes na nossa sociedade. Acham que porque têm dinheiro são importantes. Acham que porque são Presidentes de qualquer coisa são importantes. Ninguém é nada. Na realidade ninguém é nada porque o mundo vive.
Existiam pessoas riquíssimas na Síria que, certamente, se achavam importantes. E agora? Mudou o mundo deles inteiro. E agora não passam de uns refugiados. Mas aquela pessoa continua a ser importante.
Hoje em dia, na sociedade, as pessoas pararam de se achar importantes. Sabe porquê? Porque elas colocam a importância no cargo, colocam importância no dinheiro, colocam importância em algo externo e não nelas mesmo.
Aquelas pessoas da Síria, refugiados, continuam a ser importantes porque elas são únicas e são importantes.
Eu sou uma pessoa importante mas não por aquilo que eu represento para a sociedade.
Eu sou importante porque eu sou único. Porque eu sou o Rafael. Não tem ninguém no mundo como eu. Não tem ninguém no mundo como tu. Não tem.
E isso é que faz você ser uma pessoa importante. Não o cargo que as pessoas representam.
Só que vivemos num mundo de ilusão, num mundo em que as pessoas acham que o cargo delas
dá-lhes importância. Não.
Temos que entender que nós é que somos importantes e que nós é que somos valiosos.
Isso faz de nós uma pessoa importante, feliz, realizada. Porque está dentro de nós.

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